A classificação da Síndrome de Burnout como doença ocupacional está em vigor desde 1° de janeiro de 2022. E esta é uma mudança importante e a partir de agora a causa da síndrome não pode ser mais atribuída somente a características individuais do trabalhador como vinha acontecendo. Ou seja, o foco não é somente a pessoa que está doente e que precisa de tratamento.
Com este novo entendimento, o foco muda para o ambiente de trabalho.
Há que se pensar e analisar se o ambiente de trabalho está contribuindo e como está contribuindo para o adoecimento do trabalhador.
Não podemos atribuir somente aos fatores individuais do trabalhador a adoecimento mental. A mudança na legislação vem nos alertar que todo avanço tecnológico do século XXI infelizmente não foi acompanhado pela mesma evolução nas relações humanas. É necessário repensar a forma como as pessoas estão sendo tratadas e cobradas.
- O que é a Síndrome de Burnout?
A Síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, é uma doença mental que ocorre após o indivíduo vivenciar situações estressantes no trabalho, ou seja, situações que exigem muita responsabilidade, excesso de cobranças, volume muito grande de trabalho, prazos muito curtos e até mesmo competição excessiva. Desta forma, poderíamos dizer que é uma fase posterior ao stress no trabalho.
- Quais são os sinais e sintomas da Síndrome de Burnout?
Na maioria das pessoas os sintomas aparecem de forma leve e vão piorando com o passar do tempo. Muitos pensam que estão cansados e que tudo aquilo vai passar com o tempo. Entre os sintomas estão: exaustão extrema física e mental, dor de cabeça frequente, alterações no apetite, sentir mais ou menos fome, insônia, sentimentos de fracasso e insegurança, dificuldade para se concentrar, pensamentos negativos constantes, sentimentos de derrota e incompetência, desânimo, entre outros. O sofrimento é tão grande que impacta totalmente a vida profissional ocorrendo a perda de interesse pelas atividades, sensação de descomprometimento e sentimentos negativos.
- Como saber se estou com a Síndrome de Burnout?
Se você está reconhecendo alguns sintomas, sente-se exausto e desesperançoso em relação ao seu trabalho, não tem conseguido cumprir com as suas obrigações trabalhistas e sempre há exigências além da conta, procure ajuda. Primeiro tenha uma conversa franca com a sua chefia imediata, fale das suas dificuldades, peça ajuda e identifique ações para contribuir com suas metas e responsabilidades. Caso não surja efeito as intervenções no ambiente de trabalho, busque ajuda profissional de um psicólogo ou psiquiatra. Somente um profissional experiente pode confirmar o diagnóstico.
- Qual é o papel da empresa na prevenção e controle da Síndrome de Burnout?
As empresas precisarão ter uma atuação mais preventiva no sentido de evitar o assédio moral, evitar metas fora da realidade, evitar excesso de cobranças e tratamento agressivo com os empregados, evitar discriminação e preconceito. Ou seja, é necessário rever e repensar quais as reais responsabilidades do trabalhador, se ele tem as ferramentas de trabalho e as condições de trabalho necessárias para cumprir com suas responsabilidades e também se a forma de tratamento é adequada, respeitosa e ética.
- Como prevenir a Síndrome de Burnout?
Os líderes têm um papel essencial de tratar os trabalhadores com respeito e de identificar sinais de mudança no comportamento, evitar casos de discriminação e buscar ajuda profissional se for necessário.
Chamo a atenção também para a importância de um setor de medicina do trabalho e de Recursos Humanos eficientes. Estes setores precisam trabalhar em conjunto com os líderes e direção da empresa na prevenção.
Ter descrições de cargo atualizadas e coerentes para cada trabalhador, metas exequíveis, condições de trabalho adequadas (materiais, equipamentos, EPIs, boas iluminação e temperatura), práticas de reconhecimento e elogio, controle sobre as horas trabalhadas e evitar horas extras em excesso, ambiente mais humanizado e respeitoso, incentivo a adoção de hábitos saudáveis (esporte, alimentação, qualidade de vida) são estratégias importante para prevenir e ter um ambiente de trabalho mais saudável.
Finalizando….
Empresários e líderes, um ambiente com bons resultados e atingimento de metas de forma consistente, é necessário um tratamento humanizado, respeitoso e ético com todos. Os excessos, seja de cobrança, prazo curtos, metas muito ousadas e grosserias só geram desconforto e adoecimento. E pessoas doentes não são produtivas muito menos felizes!
E, para os trabalhadores que estejam passando por dificuldades no seu ambiente de trabalho, não fiquem sofrendo sozinhos, calados. Busquem ajuda do RH ou dos gestores da empresa. Se não resolver, busquem ajuda profissional externa! Fale com consultores em Gestão de Pessoas e profissionais da área de Saúde (Psicologia e Psiquiatria).
Reconhecer, falar e se aconselhar é o primeiro passo. Cuide da sua saúde mental!
Adamir Moreira Assis – Psicólogo, Consultor em Gestão de Pessoas. Professor Universitário. Diretor do Centro AMA de Desenvolvimento.